Miastenia gravis tem relação com a idade?

Viver bem Postado em 06/02/2023

A miastenia gravis é uma doença crônica causada por uma falha de comunicação entre os nervos e os músculos. Ela é caracterizada por fadiga e fraqueza em diversos músculos do corpo, afetando desde a mobilidade até a deglutição de alimentos. Apesar de acometer pessoas de qualquer faixa etária, é mais comum que a miastenia gravis surja na idade adulta. Continue a leitura para entender como a doença se manifesta e se há relação com a idade.

O que causa a miastenia?

A miastenia gravis é uma doença autoimune – quando os anticorpos atacam as células saudáveis do próprio corpo. Na miastenia gravis, o sistema imunológico produz anticorpos que bloqueiam ou destroem muitos dos receptores dos músculos para um neurotransmissor chamado acetilcolina. Isso prejudica a comunicação entre os nervos e músculos, causando a fraqueza que caracteriza a doença.

Em pessoas com a doença, os anticorpos também podem bloquear a função de uma proteína chamada receptor tirosina quinase músculo-específica (MuSK), envolvida na formação da junção nervo-músculo. 

É importante diferenciar a miastenia gravis da forma congênita da doença, que está presente desde o nascimento. Ainda mais rara, a miastenia congênita é causada por herança genética, ou seja, costuma se manifestar em pessoas da mesma família. Geralmente, os primeiros sintomas aparecem ainda na infância, mas há casos em que eles surgem na adolescência ou fase adulta.

Quais são os sintomas de miastenia?

A miastenia atinge os músculos voluntários, principalmente aqueles que controlam os olhos, boca, garganta, braços e pernas. Ela começa a se manifestar através de episódios de fraqueza muscular e pode levar à fadiga extrema, impedindo a realização de tarefas simples do dia a dia. Os principais sintomas da miastenia são:

  • Fraqueza muscular;
  • Fadiga após exercícios ou movimentos repetitivos;
  • Pálpebras caídas (ptose);
  • Visão dupla;
  • Falta de ar;
  • Dificuldade para mastigar e engolir;
  • Voz anasalada;
  • Dificuldade para articular as palavras.

Em qual faixa etária a miastenia gravis surge mais comumente?

A miastenia gravis pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum em mulheres adultas com menos de 40 anos e em homens com mais de 60 anos. Há casos em que a doença se desenvolve apenas na velhice, por volta dos 75 anos. Ela é classificada como precoce, quando aparece ainda na infância, ou tardia, quando surge na fase idosa.

Nesse último caso, muitas vezes, a demora para o diagnóstico correto acontece por causa da dificuldade em diferenciar os sinais e sintomas típicos das alterações fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento.

A miastenia pode se manifestar em crianças?

Quando diagnosticada antes dos 18 anos de idade, a miastenia gravis é denominada miastenia gravis juvenil. Outros tipos de miastenia que podem ser diagnosticados em crianças incluem:

Miastenia congênita – resulta de mutações genéticas herdadas que afetam a estrutura e função da junção neuromuscular. Os sintomas costumam aparecer entre o nascimento e o primeiro ano de vida. Os bebês podem apresentar pálpebras caídas, mau controle da cabeça, fraqueza geral nos braços e pernas, dificuldades de alimentação, problemas de respiração e atrasos nas habilidades motoras, como engatinhar, sentar-se e andar. 

Miastenia gravis neonatal transitória – distúrbio transitório que pode surgir em bebês nascidos de mães com miastenia gravis, devido à transferência de certos anticorpos maternos para o feto através da placenta. Geralmente, a miastenia gravis neonatal dura apenas algumas semanas. O bebê pode apresentar fraqueza, dificuldade de sucção, choro fraco, pouca expressão facial e pálpebras caídas. Algumas crianças têm grandes dificuldades para respirar, sendo necessária a utilização de máquinas de respiração mecânica. 

A miastenia se manifesta de forma diferente em diferentes faixas etárias?

A miastenia gravis juvenil apresenta algumas características distintas da miastenia gravis adultae, nessa faixa etária, o diagnóstico pode ser desafiador. Por exemplo, as crianças apresentam maior prevalência de sintomas oculares isolados, com maior probabilidade de atingir a remissão da doença (períodos sem sintomas) por longos períodos.

  • Ainda assim, o diagnóstico precoce é importante para iniciar o tratamento adequado, a fim de melhorar o curso clínico e evitar a progressão da miastenia. 

Em idosos, os sintomas de miastenia gravis podem ser mais difíceis de serem identificados devido às mudanças que o corpo sofre durante a velhice. Além disso, as comorbidades (doenças coexistentes) tendem a ser mais comuns em idosos com miastenia gravis e aumentam com o avanço da idade.

  • 94% dos pacientes com idade média de 70 anos tinham pelo menos uma comorbidade, apontou um estudo feito com pessoas inscritas no Centro de Miastenia de Oxford.

No caso da miastenia congênita, como frequentemente começa a se manifestar nos primeiros anos de vida, existem sinais distintos que merecem a atenção dos pais ou responsáveis:

  • Redução de movimentos do feto ainda no útero ou do bebê após o nascimento;
  • Choro fraco;
  • Dificuldade para sugar e engolir durante a amamentação;
  • Demora para aprender a engatinhar e ficar sentado;
  • Dificuldades em atividades do dia a dia ou que exijam esforço físico, como a prática de esportes;
  • Infecções respiratórias frequentes;
  • Pouca expressão facial.

Quais fatores podem piorar a miastenia?

Para pessoas com miastenia, alguns fatores podem fazer com que os sintomas piorem:

  • Fadiga;
  • Outras doença ou infecções;
  • Cirurgias;
  • Estresse;
  • Alguns medicamentos, como betabloqueadores, gluconato de quinidina, sulfato de quinidina, quinina fenitoína, certos anestésicos e alguns antibióticos;
  • Gravidez;
  • Períodos menstruais.

Como é feito o diagnóstico de miastenia?

O diagnóstico de miastenia é feito através de algumas etapas, que envolvem exames clínicos, testes genéticos e sorológicos e análise do histórico familiar da pessoa.

Exame clínico – o médico especialista faz alguns testes durante a consulta para identificar a presença de fraqueza muscular, um dos principais sintomas da miastenia.

Teste sorológico – investiga níveis anormais de anticorpos para o receptor de acetilcolina (AChR), o que pode indicar miastenia gravis, ou níveis elevados de creatina-fosfoquinase (CPK), o que pode indicar miastenia congênita.

Eletroneuromiografia – registra a atividade elétrica dos músculos em repouso e durante a contração muscular.

Testes genéticos – são solicitados especificamente para o diagnóstico de miastenia congênita, pois permitem identificar mutações genéticas associadas à condição.

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Referências


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