Há muitas dúvidas sobre os meios de locomoção e a Miastenia Gravis. Com base nisso, fica aqui a resposta: pessoas com Miastenia, podem andar a pé, dirigir, andar de avião…
A medicina evoluiu e, graças à ela, os miastênicos podem levar uma vida praticamente normal – ou muito perto do normal.
Para ter essa condição de vida, é importante também o autoconhecimento. Ou seja, cada um deve perceber os sinais enviados pelo seu corpo, entender e respeitar seus próprios limites.
Perguntamos ao Dr. Eduardo Estephan, neurologista especialista em Miastenia Gravis (MG), se havia alguma contraindicação, do ponto de vista médico sobre o tema. E ele respondeu que não: “Se estiver com boa funcionalidade motora, sem problemas”.
Entretanto, ele destacou que, “claro, casos não compensados precisam de uma avaliação médica antes” de embarcar num avião ou dirigir um carro.
Lidia Costa, que nasceu com MG e é vice-presidente da Abrami (Associação Brasileira de Miastenia), conta que, quando está bem, não há impeditivos para o miastênico.
“Quando não estamos bem é difícil até entrar em um carro, assim como o balanço num curto trajeto pode incomodar bastante”, explica Lidia.
Cuidados e direitos em ônibus e metrô
Utilizar o transporte público é totalmente possível. “O miastênico precisa fazer força para subir e descer de um ônibus e precisa ter cuidado para não cair.” Para Lidia, houve grande avanço.
Ela lembra de quando precisava andar de ônibus décadas atrás, em que a entrada era pela porta traseira e a saída pela porta dianteira.
Ou seja, como estava longe dos olhos do motorista, às vezes ela nem havia subido totalmente os degraus e o ônibus já saía em disparada. Isso, nós sabemos, aumenta risco de queda.
Além dos cuidados, em ônibus e metrô, alguns miastênicos podem se sentir constrangidos por causa de preconceito.
Isso acontece em razão do miastênico ser deficiente e ter o direito de subir e descer do ônibus pela porta dianteira e ainda ter o direito de utilizar assentos preferenciais.
No entanto, sua deficiência é não aparente e, por isso, as outras pessoas podem olhar desconfiadas, causando mal-estar para o miastênico.
Num caso assim, basta sacar seu bilhete com o símbolo de deficiente, que inclusive lhe garante a gratuidade da passagem.
“O bilhete, como deficiente para miastênicos foi uma das vitórias da Abrami”, relembra Lidia. Outra vitória, conta ela, é que o bilhete especial, garantido por lei federal para todo o território brasileiro. Agora é permanente. Isso é, não exige mais renovação de tempos em tempos.
Miastenia e meios de locomoção: carteira de habilitação especial
Pessoas com MG também podem ter carteira de motorista como deficiente. Nesse caso, não pela própria Miastenia, mas pela tetraparesia, que nada mais é que a redução da força nos membros.
O processo não é burocrático e a própria pessoa pode solicitar diretamente ao Detran. Será preciso passar por avaliação de perícia com médico credenciado pelo órgão. Além de apresentar alguns documentos, normalmente exigidos para a retirada de carteira de habilitação.
Veja que, em princípio, o miastênico pode dirigir, mas algumas condições físicas podem dificultar a prática. Por exemplo, pacientes que têm, como um dos sintomas, a ditropia (visão dupla) devem vê-la como um fator de risco de acidentes ao dirigir.
Já um habilitado deve ter certeza da sua condição naquele momento. de novo, vemos a importância do autoconhecimento.
Antes de pegar no volante, já que uma momentânea fraqueza muscular pode prejudicar, por exemplo, pisar no freio, o que poderia causar um acidente.
As pessoas com deficiência conquistaram há algum tempo alguns benefícios no setor automobilístico.
Como deficiente, portanto, o miastênico pode comprar veículo – mesmo que não seja o motorista, mas passageiro, para que outra pessoa o dirija. Essa compra tem isenção de alguns impostos, principalmente ICMS, cujo percentual varia de estado para estado, conforme o local da sede da montadora.
Se o próprio motorista for o miastênico, o ideal é que o carro adquirido seja automático. Neste caso, não precisa usar força na troca de marchas e nem para pisar na embreagem.
As vantagens em viagens de avião
Conforme o Dr. Estephan destacou, se a Miastenia está bem compensada, nada impede o paciente de viajar de avião.
É bom lembrar que o miastênico pode se valer de embarque preferencial. Além disso, prioridade em escolha de assento, assim como contar com apoio que precise dentro do aeroporto, como cadeira de rodas.
Lidia conta que existe uma carteira que dá direito a viajar de graça. Para obtê-la, porém, há análise da deficiência e da condição socioeconômica.
“Já viajei para os Estados Unidos, por exemplo, e me senti bem, mesmo na alta altitude. O que ocorre, após a viagem, é o cansaço físico, que considero normal. Só que isso pode piorar os sintomas da Miastenia”, avisa Lidia.
Ela sugere que o miastênico trace uma estratégia. Quando faz uma viagem longa, independente do meio de transporte utilizado, organizando-se ao reservar um dia para descansar. É importante se recuperar após a chegada ao destino e também no retorno para casa.
Cuidados nas caminhadas
O miastênico, ao sair a pé, deve se programar no caso de andar longas distâncias – por exemplo, com repouso prévio no dia anterior.
Além disso, também deve ter atenção ao andar, principalmente em locais com calçadas em mau estado de conservação ou em desnível.
“Geralmente para nós, miastênicos, toda mudança brusca de movimento pode nos levar a uma queda. É só sermos cuidadosos”, diz Lidia, que frequentemente recorre ao uso de bengala, como uma garantia a mais.