Quando a mulher que tem miastenia gravis deseja engravidar ou descobre que está grávida, pode ficar apreensiva e com dúvidas em relação à própria saúde e com a do bebê. Afinal, trata-se de uma doença neuromuscular autoimune e crônica, que provoca fraqueza e fadiga rápida em qualquer um dos músculos de controle voluntário. Além de poder afetar também a musculatura envolvida nos movimentos de respiração e deglutição. Entretanto, ter um acompanhamento com profissional especializado pode garantir que tudo corra bem, tanto para a mãe quanto para o bebê. Continue a leitura para saber mais e quais são os cuidados que devem ser tomados!
MIASTENIA E GRAVIDEZ: como a doença pode afetar gestação?
Durante a gestação, a mulher que tem miastenia gravis pode experimentar mais episódios de fraqueza e fadiga muscular. Um estudo europeu, por exemplo, revelou que os sintomas podem ser até 40% mais graves durante a gestação e nos seis meses após o parto. Isso porque é um período em que há uma maior ativação do sistema imune e, além disso, uma grande demanda da mãe pelo bebê, que precisa de cuidados e atenção o tempo todo.
No entanto, isso não é regra. Algumas mulheres com miastenia experimentem períodos de relativa calmaria e bem-estar durante a gestação, já que há uma redução natural da imunidade nesse período. Como é uma doença autoimune, ela é desencadeada por um mau funcionamento do sistema imunológico da pessoa, que passa a atacar o próprio organismo. Então, o enfraquecimento da imunologia durante a gravidez pode abrandar os sinais e sintomas provocados pela miastenia.
MIASTENIA E GRAVIDEZ: quais cuidados devem ser observados pela gestante que tem a doença?
- Acompanhamento da gravidez – o primeiro e mais importante cuidado é procurar um médico de confiança, para que ele possa acompanhar toda a gestação e todo o período do pós-parto, garantindo assim que tanto a paciente como o bebê estejam saudáveis e seguros.
- Planejamento da gravidez – os médicos também recomendam que a mulher com miastenia planeje sua gestação para, pelo menos, um ano após o diagnóstico da doença. Nesse período, as crises da doença são mais frequentes e intensas e há mais risco de complicações.
- Período da gravidez – a recomendação é que a mulher engravide a partir do terceiro ano após o diagnóstico, quando a doença está em uma etapa mais estável e, portanto, envolve menos risco para mãe e bebê.
- Medicamentos e gravidez – outro cuidado fundamental é checar quais medicações a mulher está tomando e ver se elas são compatíveis com a gravidez, já que algumas medicações utilizadas para miastenia gravis podem, de fato, causar sequelas ao feto, além de complicações à gestante e até levar a um parto prematuro.
MIASTENIA E GRAVIDEZ: a doença pode trazer complicações para o bebê?
Nem sempre a miastenia provoca complicações para o bebê. Cerca de 80% dos recém-nascidos de mães com miastenia são saudáveis; outros 20%, no entanto, apresentam a doença, chamada neste caso de miastenia neonatal. Neste caso, o que ocorre é que os anticorpos da miastenia gravis podem atravessar a placenta e chegar até o bebê, que nascerá com esses anticorpos.
A boa notícia é que esses anticorpos desaparecem do organismo da criança em até três semanas. Nesse período, no entanto, são esperados sinais e sintomas de miastenia no bebê, que podem ser os seguintes:
- Choro fraco;
- Dificuldade de sucção;
- Fraqueza generalizada
- Tônus diminuído;
- Dificuldade respiratória;
- Ptose (nome para pálpebra caída).
Em geral, os sintomas são leves e não precisam de tratamento, pois regridem sozinhos. No entanto, em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos específicos para dar suporte ao bebê durante o período em que os anticorpos da mãe permanecem no corpo da criança.
MIASTENIA E GRAVIDEZ: domo a doença pode afetar o parto e o pós-parto?
Miastenia e parto normal – se a doença estiver compensada e mãe e bebê estiverem saudáveis, nada impede que o nascimento seja feito via vaginal, ou seja, por parto normal. A única recomendação é de que, no caso do parto normal, o trabalho de parto não se alongue por muito tempo, já que a situação exigiria muito fisicamente da mulher, podendo causar ou piorar crises de miastenia.
- A contração uterina durante o trabalho de parto não é afetada pela miastenia;
- Embora a miastenia não afete os músculos do útero, ela pode afetar os músculos do abdômen que são acionados para empurrar o bebê;
- É possível que seja necessário o uso de fórceps ou extrator obstétrico caso a mãe tenha dificuldades para fazer força para o nascimento.
Miastenia e parto por cesariana – já o parto via cesariana é indicado para as mulheres com miastenia que apresentam, durante a gravidez, um quadro de descompensação da doença ou que, no momento do nascimento, estiverem vivenciando uma crise da doença.
Miastenia e parto prematuro – alguns medicamentos usados para o tratamento de miastenia podem provocar um parto prematuro, que é o que acontece antes de 37 semanas de gravidez. Portanto, o médico ficar atento se existe essa possibilidade em relação aos medicamentos em uso pela gestante.
Manifestações da miastenia após o parto – após o nascimento do bebê, é esperado que a miastenia gravis da mãe piore no decorrer das primeiras três semanas, especialmente se for o primeiro parto daquela mulher. Por isso, é importante que ela seja acompanha durante toda a fase do puerpério e receba suporte físico e emocional para viver mais essa fase em sua vida.
Miastenia e amamentação – a mulher que tem miastenia pode amamentar normalmente o bebê. Entretanto, o médico precisa avaliar se existe o risco de algum dos medicamentos que ela estiver usando passar para o leite, e que pode fazer mal para o bebê. Mas, exceto a questão dos medicamentos, não há qualquer outro cuidado que deva ser tomado pela mãe em relação à amamentação do bebê por conta da doença.
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Referências
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5109939/#:~:text=The%20postpartum%20period%20was%20confirmed,highest%20after%20the%20first%20childbirth – acessado em 31/05/2022;
- https://www.stanfordchildrens.org/en/topic/default?id=myasthenia-gravis-and-pregnancy-90-P02434#:~:text=Pregnant%20women%20with%20myasthenia%20gravis,and%20they%20have%20respiratory%20failure – acessado em 31/05/2022;
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3520659/ – acessado em 31/05/2022;
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- https://www.aan.com/PressRoom/home/PressRelease/7 – acessado em 31/05/2022;
- https://n.neurology.org/content/61/10/1459 – acessado em 31/05/2022.