A miastenia e a síndrome miastênica – também conhecida como síndrome de Lambert-Eaton – são doenças raras, que afetam menos de 65 pessoas a cada 100 mil. Ambas são incuráveis e afetam a mobilidade, pois interferem na comunicação entre os nervos e os músculos. Com tantas semelhanças é possível confundi-las, mas há diferenças, como mostraremos neste artigo. Aproveite a leitura.
O que são a miastenia e a síndrome miastênica?
A miastenia e a síndrome miastênica (ou síndrome de Lambert-Eaton) são doenças pouco frequentes, de causa desconhecida e sem cura. Costumam ter como principal sintoma a fadiga muscular, já que nos dois casos existe uma falha de comunicação entre o cérebro e os músculos para a realização dos movimentos. Existem dois tipos de miastenia, em cada uma a comunicação entre o cérebro e os músculos é afetada de uma maneira:
- Miastenia gravis – é uma doença autoimune, na qual o organismo produz anticorpos que atacam os receptores presentes no tecido muscular;
- Miastenia congênita – que é uma doença hereditária, um ou mais genes são alterados desde a concepção do bebê, afetando a junção entre o nervo e o músculo.
Já a síndrome miastênica se caracteriza pela interferência na liberação do neurotransmissor responsável pela conexão entre os nervos e os receptores nos músculos. O resultado é a fraqueza muscular que dificulta atividades comuns como andar, correr, comer e beber.
Como é feito o diagnóstico dessas doenças?
Para diagnosticar a miastenia e a síndrome miastênica, o médico analisa os sintomas relatados pelos pacientes, além de exames clínicos, de imagem e laboratoriais. Entre os principais estão:
Eletromiografia (EMG) – esse exame consiste na inserção de uma agulha na pele para conferir a atividade elétrica dos nervos e dos músculos. Dessa forma é possível identificar se há problemas de comunicação neuromuscular.
Exames de imagem – a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem ajudar a identificar problemas nas estruturas que envolvem a interação entre nervos e músculos. No caso da miastenia gravis, esses exames ajudam a identificar alteração no timo, que costuma ser associado a esse tipo da doença.
Teste de anticorpos – o exame identifica como está o nível de anticorpos do receptor de acetilcolina no sangue, que é comum em casos de miastenia congênita.
Estudos da condução nervosa – eletrodos são colocados na pele do paciente e liberam uma descarga elétrica. O estudo consiste em medir o tempo e a velocidade com que o impulso chega ao músculo. Se estiver fora dos parâmetros normais, há indício de problemas no funcionamento da junção neuromuscular.
Quais são os principais sintomas da síndrome miastênica e da miastenia?
Além da fadiga muscular, que é provocada pelas duas condições, na miastenia também ocorre os seguintes sinais e sintomas:
- dificuldade para mastigar e deglutir;
- restrição das expressões faciais, como sorrir;
- visão duplicada;
- Ptose (pálpebra caída);
- Comprometimento da respiração (em casos mais graves)
Já na síndrome miastênica, os sinais e sintomas mais frequentes são:
- fraqueza muscular que geralmente se inicia no quadril
- dificuldade de subir escadas e andar
- cãibras
- Xerostomia (boca seca)
- Ptose (pálpebras caídas);
- Dores nos braços e nas coxas
No início da miastenia, é comum que o cansaço extremo após uma atividade física de longa duração ou com muita intensidade seja passageiro. Mas, com o avançar da doença, essa condição se torna cada vez mais frequente. Na síndrome miastênica, a força muscular tende a melhorar com a prática de exercícios repetitivos. No entanto, com o passar do tempo, a fadiga volta.
Gênero: os sinais e sintomas de miastenia podem surgir em qualquer época da vida. Mas, no caso das mulheres, eles costumam aparecer entre os 20 e 34 anos. Nos homens eles ocorrem com mais frequência entre 70 e 75 anos.
O que diferencia a miastenia da síndrome miastênica?
Há muitas semelhanças entre a miastenia e a síndrome miastênica, mas exames e o relato dos sintomas pelos pacientes ajudam a diferenciá-las. A visão dupla, por exemplo, é um dos sinais comuns na miastenia e bastante raro na síndrome de Lambert-Eaton.
Embora a fadiga muscular seja um dos sintomas mais presentes nos dois casos ela pode ocorrer de maneira diferente. Na síndrome miastênica, costuma afetar primeiro uma região específica do corpo, os quadris, para depois se espalhar pelo restante: ombros, pernas e braços até chegar nas extremidades – mãos e pés. Outra diferença bastante importante é a maneira como a interferência na comunicação entre nervos e músculos acontece:
- Na síndrome miastênica, a interferência acontece na liberação do neurotransmissor acetilcolina;
- Na miastenia gravis, são os anticorpos que afetam os receptores;
- Na miastenia congênita, são genes que afetam a junção entre o nervo e o músculo.
O tratamento também apresenta diferenças. Na miastenia gravis a retirada do timo, glândula relacionada com o sistema imunológico, é bastante recomendada e costuma surtir efeito positivo na vida do paciente. Na síndrome miastênica, o risco da doença estar associada a tumores, especialmente o câncer de pulmão, vai exigir cuidados ainda mais específicos.
Importante: tanto quem tem miastenia quanto quem tem a síndrome miastênica deve contar com o atendimento de uma equipe de saúde multidisciplinar, formada por neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. O apoio de amigos e familiares também é fundamental para melhora do bem-estar físico e emocional desses pacientes.
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Referências
- https://www.miastenia.com.br/abrami/ – acessado em 30/01/2023;
- https://fbh.com.br/miastenia-doenca-rara-de-dificil-diagnostico-e-sem-cura/ – acessado em 30/01/2023;
- https://medicina.ufm.edu/eponimo/sindrome-de-eaton-lambert/ – acessado em 30/01/2023;
- https://www.myastheniagravis.org/about-mg/diagnosis/ – acessado em 30/01/2023;
- https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2021/20210422_relatorio_598_antiach_miastenia_gravis_.pdf – acessado em 30/01/2023;
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doencas-raras#:~:text=Considera%2Dse%20doen%C3%A7a%20rara%20aquela,raras%20em%20todo%20o%20mundo. – acessado em 30/01/2023;
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt/arquivos/2022/portal-portaria-conjunta-ndeg-11-miastenia-gravis.pdf – acessado em 30/01/2023.