A miastenia pode causar um grande impacto na saúde mental das pessoas acometidas. Isso porque a doença exige um processo de readaptação de vida.
Os sintomas podem causar limitações físicas e dificultar atividades simples do dia a dia, e as alterações emocionais afetam o sono e as relações. Tudo isso leva ao agravamento das condições da saúde mental do paciente. Por isso, é fundamental que ele possa contar com o suporte da rede de apoio que o cerca e, sobretudo, dos profissionais de saúde.
Aprender a lidar com os sintomas e buscar apoio profissional é muito importante para que o quadro não avance para algum tipo de depressão.
Como a miastenia pode afetar a qualidade de vida e a saúde mental?
A miastenia é uma doença crônica autoimune, que pode ser incapacitante, pois afeta a comunicação entre o sistema nervoso e os músculos. Entre os possíveis sintomas estão fadiga, fraqueza muscular, queda das pálpebras, dificuldade de engolir e mastigar.
Dependendo da forma como a doença avança,ela pode dificultar a realização de atividades que antes eram realizadas com facilidade, fazendo com que a pessoa se sinta mais dependente dos outros.
Essas limitações que implicam na perda da autonomia do paciente podem levar a quadros de ansiedade, estresse e depressão. Por isso, não é incomum encontrar pessoas que tenham a doença e estejam passando por problemas de saúde mental.
Quais são os transtornos do humor mais frequentes na miastenia?
Um estudo feito nos Estados Unidos constatou quemetade dos adultos com transtornos mentais tem ao menos quatro doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Ou seja, a relação entre doenças crônicas e problemas de saúde mental está cada vez mais em evidência. Entre os principais transtornos desenvolvidos por pessoas com a miastenia estão:
Depressão – pacientes com doenças crônicas, ou seja, aquelas que não têm cura como é o caso da miastenia, têm uma incidência maior de depressão. Segundo estudos, a duração da doença e sua gravidade contribuem para o aumento das taxas de depressão.
Ansiedade – alguns sintomas da ansiedade, como a preocupação constante e a dificuldade de concentração, estão presentes nos pacientes com miastenia.
Estresse – ter uma doença crônica implica na busca de tratamento para a vida toda, o que pode gerar estresse. Além disso, sintomas como a fadiga e dificuldade para dormir contribuem para o aumento dos níveis de estresse.
Quais podem ser os efeitos de fatores psicológicos na miastenia?
Assim como em outras doenças crônicas, os fatores psicológicos impactam diretamente o paciente miastênico, podendo ser determinante para o sucesso do tratamento. Isso porque, quanto mais severa é a depressão de uma pessoa, menos entusiasmo e disciplina ela terá em seguir o tratamento à risca, por exemplo, o que pode implicar no agravamento da doença.
Além disso, o sofrimento mental e emocional pode desencadear o agravamento dos sintomas da miastenia ou diminuir a tolerância do corpo à dor e ao desconforto.
Como lidar com os problemas de saúde mental relacionados à miastenia?
Entre as estratégias que pessoas com miastenia podem adotar para manter a saúde mental ao longo da vida são:
Abordagem preventiva – quem sofre com doenças crônicas deve, de preferência, ter o acompanhamento de um psicólogo desde a descoberta da doença. O fluxo e agravamento da doença podem pegar o paciente de surpresa e, quanto mais preparado ele estiver, física e psicologicamente, melhor para a sua saúde mental.
Rede de apoio – poder contar com amigos, familiares e outras pessoas próximas para fornecer suporte psicológico e assistência para questões práticas é outro ponto importante para garantir o bem-estar emocional de pessoas com miastenia.
Medicamentos – as medicações usadas tanto no tratamento da miastenia quanto de transtornos mentais devem ser indicadas por um médico. É preciso ter uma atenção redobrada ao uso de medicações, pois alguns antidepressivos podem piorar os sintomas da doença.
Conscientização sobre autocuidado – nas doenças crônicas, como é o caso da miastenia, o sucesso do tratamento está totalmente conectado à participação e envolvimento do paciente. Uma atitude de autocuidado é, por exemplo, ter estilos e práticas de vida mais saudáveis.
Tratamento multidisciplinar – pacientes com miastenia devem ter um acompanhamento multidisciplinar no manejo da doença. Isso envolve contar não apenas com a ajuda de um neurologista, mas também de um psicólogo, psiquiatra, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos que buscam garantir o maior conforto possível para o paciente.
Cada profissional tem um papel fundamental na gestão do tratamento da doença. O psicólogo, por exemplo, irá ajudar o paciente com estratégias para lidar com os problemas que a doença traz no dia a dia. O nutricionista, por sua vez, irá garantir uma dieta que se adeque ao estilo de vida do paciente, priorizando a ingestão de vitaminas que apoiem o tratamento da doença. Já o fisioterapeuta ou educador físico fará o acompanhamento dos exercícios físicos que o paciente poderá praticar, a depender do grau da doença.
Para impedir que os problemas de saúde mental atinjam os pacientes com miastenia, é essencial entender suas queixas e encaminhá-los para profissionais adequados, que saberão orientar o paciente e sua rede de apoio na gestão da doença.
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