A miastenia é uma doença rara que compromete diversos aspectos da saúde, desde a mobilidade e deglutição dos alimentos, até o lado psicológico. Por isso, é necessário que o tratamento compreenda diferentes especialidades para que a pessoa se restabeleça de maneira completa. Entenda no que consiste o problema, os principais sinais e sintomas e qual a importância do diagnóstico correto para que o tratamento multidisciplinar da miastenia seja iniciado.
O que é miastenia?
Estima-se que há 40 mil pessoas com a doença no Brasil, sendo que surgem 1.500 casos por ano. A miastenia é uma doença autoimune (quando o sistema de defesa ataca as células saudáveis do próprio corpo) que afeta a comunicação entre nervos e músculos. Os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico atacam, por engano, os receptores musculares que recebem os impulsos nervosos.
Desta forma, a comunicação entre as células nervosas e os músculos é interrompida, o que faz com que haja a falta controle de algumas partes do corpo. A doença surge por meio de episódios de fraqueza muscular. Geralmente começa pelos músculos dos olhos e depois avança para o rosto, braços e pernas, por exemplo. Veja os principais sinais e sintomas da miastenia:
- Pálpebras caídas;
- Fraqueza muscular dos membros;
- Visão dupla;
- Dificuldade para falar, mastigar e engolir.
Em alguns casos, a fraqueza muscular é tanta que a pessoa acha cansativo desempenhar tarefas até então simples, como martelar um prego na parede, por exemplo. A fraqueza desaparece quando os músculos estão em repouso, mas retorna quando são usados novamente.
O que causa miastenia?
A miastenia pode atingir homens e mulheres, porém não se sabe o que causa o problema. É uma alteração comum em pessoas que têm outras doenças autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus e hipertireoidismo autoimune, por exemplo. Além disso, pode ser desencadeada por outras situações, como:
- Infecções;
- Cirurgia;
- Uso de determinados medicamentos para tratamento de pressão arterial alta, malária e arritmia cardíaca.
Qual o protocolo para diagnóstico da miastenia?
O diagnóstico da miastenia não é simples, pois os sinais e sintomas são comuns a outras doenças. Para diferenciar o diagnóstico, o “Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da Miastenia Gravis” do Ministério da Saúde prevê alguns testes clínicos e exames adicionais. No consultório, o médico pode realizar os testes clínicos:
Teste da bolsa de gelo – é feito quando há a queda de pálpebras. Uma bolsa de gelo é aplicada nos olhos e, em seguida, retirada. Caso a queda das pálpebras se resolva, pode ser um indicativo de miastenia gravis.
Teste de repouso – é realizado quando a pessoa tem dificuldade de movimentar o globo ocular, o que geralmente causa visão dupla. Orienta-se a pessoa a exercitar os músculos do olho até cansar. Depois a pessoa deita tranquilamente em um quarto escuro por alguns minutos, com os olhos fechados. Se os olhos se moverem normalmente e a visão dupla desaparecer, há a suspeita de miastenia.
Além dos testes, os exames de dosagem sérica de anticorpos e a eletromiografia são confirmatórios para o diagnóstico de miastenia:
Eletromiografia – consiste na inserção de uma agulha em um músculo para registrar a atividade elétrica.
Dosagem sérica de anticorpos – é um exame de sangue que mede a dosagem de anticorpos específicos do neurotransmissor chamado acetilcolina (anti-AChR). A depender da taxa, o diagnóstico de miastenia é confirmado.
Como funciona o tratamento para miastenia gravis com equipe multidisciplinar?
Por ser um problema crônico, a miastenia não tem cura, mas existe tratamento. Quanto antes iniciado, maiores as chances de o paciente ter uma qualidade de vida melhor. É por isso que o diagnóstico adequado da miastenia é tão importante.
Há medicamentos capazes de diminuir os sinais e sintomas da miastenia, que variam de acordo com a intensidade e as características da doença. Em paralelo ao uso de medicamentos, que devem ser indicados somente pelo médico, o protocolo do Ministério da Saúde recomenda o suporte de uma equipe multidisciplinar, formada pelos seguintes profissionais:
- Fisioterapeuta – responsável pela reabilitação dos movimentos perdidos/prejudicados pela doença;
- Educador físico – indica, junto com o médico, e acompanha os exercícios para combater a fraqueza muscular;
- Fonoaudiólogo – responsável por ajudar a superar a dificuldade de engolir e até de falar;
- Nutricionista – recomenda os alimentos a serem consumidos para que a pessoa mantenha o peso ideal, previna a perda de massa magra e, principalmente, consiga se alimentar com mais facilidade;
- Psicólogo – oferece todo suporte emocional para lidar com a doença e vivenciar o tratamento da melhor forma possível, visto que a mobilidade e a autonomia podem ficar comprometidas.
O tratamento busca a melhora da mobilidade, do bem-estar psicológico, da integração no meio social, da estabilidade da doença e a recuperação da qualidade de vida da pessoa. Ou seja, é uma reabilitação que ocorre em diversos aspectos da saúde e, por isso, exige uma abordagem integrativa/ multidisciplinar.
Quais as diferenças entre equipe multidisciplinar, transdisciplinar e interdisciplinar em saúde?
A relaçãoentre profissionais de uma equipe de saúde pode ser multidisciplinar transdisciplinar e interdisciplinar. Veja o que as diferencia:
- Equipe multidisciplinar – profissionais de várias especialidades de saúde atendem a mesma pessoa de forma independente;
- Equipe transdisciplinar – diferentes profissionais definem e planejam, em conjunto, as ações referentes a uma pessoa. Por exemplo, decisões sobre um determinado tratamento;
- Equipe interdisciplinar – profissionais de especialidades diversas discutem entre si a situação de uma pessoa, pois o caso tem aspectos comuns a mais de uma área.
O compartilhamento de conhecimento de diferentes áreas é cada vez mais necessário para lidar com questões complexas relacionadas à saúde. As experiências multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares estimulam a aproximação de diferentes profissionais para resolver problemas que demandam vários saberes e técnicas, como a miastenia.
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Referências bibliográficas
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