A ptose palpebral é um dos sintomas da Miastenia Gravis, tendo como principal característica a queda ou a tendência ao fechamento anormal da pálpebra superior.
A queda da pálpebra reduz a medida da fenda sobre o globo ocular. Quando a queda é mais acentuada, a visão fica prejudicada, porque a pálpebra pode cobrir o campo visual. Além desse prejuízo, há ainda toda a questão estética, que pode impactar a autoestima do paciente.
Curiosamente, apesar da “queda”, o paciente com ptose também pode ter dificuldades em fechar completamente os olhos, quando a pálpebra deixa exposta parte da esclera (a membrana exterior branca do globo ocular).
A função da pálpebra é de proteção do globo ocular, além de ajudar a espalhar o líquido lacrimal, para uma perfeita lubrificação.
A ptose pode se manifestar como consequência de uma série de doenças ou lesões. Tais como:
Ptose na Miastenia Gravis
Considerada rara e que não tem cura, somente tratamento aos sintomas, a Miastenia Gravis (MG) é uma doença neuromuscular autoimune, que se desenvolve ao longo da vida. Ela provoca fraqueza e fadiga dos músculos.
Os miastênicos apresentam um defeito na transmissão de impulsos dos nervos para os músculos de controle voluntário, impedindo alguns movimentos naturais. Entre eles, está o controle das pálpebras, incluindo o ato de piscar e manter as pálpebras totalmente abertas ou completamente fechadas. Pode acometer somente um ou ambos olhos.
Cerca de metade dos pacientes de Miastenia Gravis, no início da doença, tem algum sintoma nos olhos, sendo a ptose e/ou a diplopia (visão dupla). Durante o desenvolvimento da doença, aproximadamente 90% dos pacientes apresentaram fraqueza dos músculos oculares. Em torno de 15% dos miastênicos terão os sintomas localizados somente nos músculos da região da visão.
Além de indicarem as alterações percebidas visualmente, os pacientes podem ter a sensação de peso nos olhos. Os sintomas são agravados, geralmente, no final do dia, e piora ainda mais após uma longa sessão de leitura. Enquanto dorme, os músculos podem apresentar melhora após o longo período de descanso. Entretanto, alguns pacientes podem acordar já com dificuldades até mesmo de abrir os olhos. Há casos em que até piscar rápida e repetidamente por alguns segundos provoca fadiga do músculo palpebral.
Lesão do nervo oculomotor
Esse nervo é responsável pela maior parte da movimentação da região dos olhos, incluindo o controle das pálpebras. O nervo oculomotor pode ser lesionado pelo hábito de coçar os olhos, o uso prolongado de lentes de contato, durante a realização de cirurgias oftalmológicas (como de catarata), algum trauma ou inflamação ocular.
Lesão da inervação do sistema nervoso simpático (SNS)
Uma lesão no SNS pode desencadear a Síndrome de Horner, causando como um dos sintomas possíveis a ptose parcial, ou queda da pálpebra de forma parcial. Essa síndrome, geralmente, é causada por doenças neurológica ou vascular, por infecção ou ainda por tumor, entre uma série de outros fatores.
Ptose Congênita
Trata-se de uma deformidade no músculo que eleva a pálpebra, impedindo a função normal. A ptose congênita acomete o paciente desde o nascimento. Entre 60% e 70% de todos os casos de ptose são congênitos.
Para entender um pouco mais sobre a Miastenia Congênita, basta clicar aqui.
Ptose involucional e Pseudoptose
São os casos de ptose palpebral relacionada com a idade. A maioria aparece, de forma gradativa, depois dos 60 anos de vida e faz parte do processo natural de envelhecimento. Entre essas pessoas, é comum também o diagnóstico de pseudoptose, também conhecida como falsa ptose. Nesses casos, não há problemas no músculo que eleva a pálpebra, somente uma quantidade desproporcional de pele na região.
Níveis de gravidade
A ptose é classificada em leve, moderada e severa.
Leve: Quando a borda da pálpebra fica acima da pupila do olho.
Moderada: Quando a borda da pálpebra está exatamente sobre a linha superior da pupila.
Severa: Quando a borda da pálpebra está exatamente sobre a linha inferior da pupila.
A ptose é, sim, um dos sintomas mais frequentes no início da manifestação da Miastenia Gravis em um paciente. Entretanto, ter ptose não significa que a pessoa tenha a doença neuromuscular autoimune. A queda da pálpebra pode ser resultado de várias outras situações, lesões ou traumas. Somente um médico, preferencialmente um neurologista com conhecimento de todas as vertentes que podem causar a ptose, é quem tem condições de traçar um diagnóstico certeiro e indicar as melhores condutas.