A fadiga pode ser um sintoma de diversas doenças. Uma delas é a miastenia, condição em que a comunicação entre o cérebro e os músculos é afetada e atividades do dia a dia se tornam um grande desafio. Mas outras doenças – neurológicas ou não – podem ter sinais parecidos com os da miastenia, como a síndrome da fadiga crônica. Então, continue lendo para saber:
- O que é a Miastenia?
- O que é a Síndrome da Fadiga Crônica?
- Miastenia x Síndrome da Fadiga Crônica
- Como confirmar o diagnóstico de Miastenia ou de Síndrome da Fadiga Crônica?
O que é a Miastenia?
A miastenia é uma doença rara que, pela falha de comunicação entre o cérebro e os músculos, são afetados movimentos extremamente importantes do corpo, como andar e, até mesmo, respirar. Ela pode ser uma condição adquirida durante a vida ou herdada.
Miastenia congênita é o nome da miastenia herdada geneticamente. Ela émenos comum que a miastenia gravis, sendo o resultado de mutações nos genes que influenciam na função e estrutura neuromuscular. Os sinais são aparentes já no nascimento ou primeiro ano de vida. Os principais sinais e sintomas da miastenia congênita são:
- Diminuição dos movimentos do feto no útero ou após o nascimento;
- Dificuldade de sucção durante a amamentação;
- Choro fraco;
- Lentidão dos reflexos;
- Dificuldade para aprender a engatinhar e se sentar;
- Infecções respiratórias frequentes;
- Menos expressão facial.
Miastenia gravis é o nome da miastenia adquirida durante a vida, que costuma aparecer na idade adulta. Ela é causada pela produção de anticorpos que atacam receptores presentes nos músculos, responsáveis por captar os avisos do cérebro para realizar os movimentos. Os principais sintomas da miastenia gravis são:
- Cansaço decorrente da fadiga muscular;
- Visão duplicada;
- Dificuldade na mastigação e deglutição;
- Comprometimento das expressões faciais, como sorrir;
- Pálpebra caída (ptose).
Em geral, os sintomas da miastenia não são constantes, de forma que a pessoa pode estar muito cansada em um dia e em outro estar disposta. A fadiga tende a piorar após esforços físicos, mas é uma característica que pode ser passageira e até mesmo sumir por um determinado período.
Apesar de não ter cura, há como controlar os sintomas da miastenia com tratamentos medicamentosos, fisioterapia, cirurgia do timo e terapia ocupacional. Essas ações melhoram a qualidade de vida da pessoa, que pode até entrar em remissão da doença (passar por longos períodos sem apresentar sintomas).
O que é a Síndrome da Fadiga Crônica?
A síndrome da fadiga crônica é uma doença grave e de longa duração, que afeta muitos sistemas do organismo. Costuma atingir adultos entre 40 e 60 anos de idade, geralmente mulheres, mas ainda é subnotificada, pois muitas pessoas não foram diagnosticadas.
Essa síndrome tem como principal sintoma a fadiga extrema que leva à exaustão, o que pode impossibilitar a realização de atividades habituais, dificultando até mesmo que saiam da cama. O chamado mal-estar pós-esforço é bastante característico da síndrome da fadiga crônica, uma vez que após qualquer esforço físico ou mental a pessoa sente uma piora grave do cansaço. Os principais sinais e sintomas da síndrome da fadiga crônica são:
- Exaustão extrema, que piora com qualquer esforço, seja mental ou físico;
- Fraqueza muscular;
- Falta de ar;
- Arritmia;
- Dificuldade de pensamento;
- Problemas de memória;
- Problemas digestivos;
- Sensibilidade a alguns alimentos;
- Sensibilidade a odores;
- Sensibilidade a ruídos;
- Sensibilidade à luz;
- Linfonodos sensíveis na região das axilas e pescoço;
- Dor de garganta frequente;
- Dores de cabeça;
- Dores musculares ou articulares;
- Calafrios e suores noturnos;
- Sono não reparador;
- Problemas para dormir.
As manifestações podem variar de pessoa para pessoa e a gravidade delas pode variar de um dia para o outro. Mas é necessário que essa fadiga perdure por mais de seis meses para que a síndrome seja caracterizada. É importante ressaltar que a fadiga sentida pelos portadores da síndrome da fadiga crônica é diferente da sensação de cansaço:
- Ela não é resultado de uma atividade extraordinariamente difícil;
- Não é aliviada pelo sono ou repouso;
- A capacidade de realizar tarefas é muito reduzida em comparação com o período de vida antes da doença.
Assim como acontece com a miastenia, ainda não se sabe a causa da síndrome da fadiga crônica. Especialistas acreditam que a doença é desencadeada por uma combinação de fatores, como genética, trauma físico ou emocional, infecções ou problemas em converter gordura e açúcar em energia para o organismo.
Miastenia x síndrome da fadiga crônica
Tanto a miastenia quanto a síndrome da fadiga crônica têm como uma das principais características a fraqueza muscular e a exaustão que impossibilita atividades cotidianas. No entanto, há aspectos que diferenciam as duas doenças, veja cinco deles:
- Ptose – a maioria das pessoas com miastenia apresenta ptose (pálpebra caída) ou diplopia (visão duplicada). Ambos os sintomas não são características da síndrome da fadiga crônica.
- Fraqueza constante e progressiva – a miastenia raramente causa fraqueza constante e progressiva, diferente da síndrome da fadiga crônica.
- Duração da fadiga durante os dias – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, a pessoa deve apresentar fadiga por cerca de 50% do tempo, durante seis meses antes do diagnóstico.
- Piora dos sintomas em pé ou sentado – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, além dos sinais e sintomas principais, também é necessário que a pessoa apresente a piora dos sintomas quando está em pé ou sentada. Esse sinal se chama intolerância ortostática e faz com que os indivíduos se sintam tontos e fracos nas posições citadas.
- Névoa cerebral – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, além dos sinais e sintomas principais, também é necessário que a pessoa apresente problemas de pensamento e memória. Indivíduos com a doença relatam a sensação de névoa cerebral.
Em resumo, na síndrome da fadiga crônica é preciso apresentar a fadiga por mais de seis meses, combinada a sinais como cefaleia, insônia, dificuldade de concentração e memória, dor de garganta, dor nas articulações, dor no pescoço, cansaço excessivo pós-esforço. Já na miastenia, a fraqueza muscular é flutuante e geralmente acompanhada de problemas nos olhos.
Atenção! Caso apresente os sinais e sintomas listados, procure um médico para que ele faça o diagnóstico correto e indique o melhor tratamento para o caso.
Como confirmar o diagnóstico de miastenia ou de síndrome da fadiga crônica?
Em ambos os casos, não há um teste único para confirmar o diagnóstico. A análise clínica do médico deve levar em consideração o histórico de sintomas, mas ele pode pedir uma variedade de exames médicos para descartar outros problemas de saúde com sintomas semelhantes. Os exames recomendados podem ser:
- Hemograma;
- Dosagem de anticorpos contra os receptores de acetilcolina;
- Estudo de estimulação nervosa repetitiva;
- Teste do Tensilon;
- Velocidade de sedimentação eritrocitária
- Velocidade de sedimentação globular (VSG);
- Hormônio tiróide estimulante (TSH);
- Eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e fosfato);
- Avaliação da função hepática (transaminases);
- Avaliação da função renal (creatinina);
- Exame de urina (proteína, sangue e glicose).
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Ptose na Miastenia[1]
Fraqueza muscular: o que pode ser?[2]
Quais as diferenças entre Parkinson e Miastenia Gravis?[3]
Referências
- http://www.emglab.com.br/diferencial_da_miastenia.html – acessado em 23/05/2023;
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/chronic-fatigue-syndrome/symptoms-causes/syc-20360490 – acessado em 23/05/2023;
- https://www.cdc.gov/me-cfs/symptoms-diagnosis/symptoms.html – acessado em 23/05/2023;
- https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/resumidos/20220705_PCDT_Resumido_MIastenia_Gravis_final.pdf – acessado em 23/05/2023;
- https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/fadiga-cronica-diagnostico-e-tratamento.pdf – acessado em 23/05/2023.