Qual a diferença entre miastenia e síndrome da fadiga crônica?

Miastenia Grave Postado em 21/09/2023

A fadiga pode ser um sintoma de diversas doenças. Uma delas é a miastenia, condição em que a comunicação entre o cérebro e os músculos é afetada e atividades do dia a dia se tornam um grande desafio. Mas outras doenças – neurológicas ou não – podem ter sinais parecidos com os da miastenia, como a síndrome da fadiga crônica. Então, continue lendo para saber:

  • O que é a Miastenia?
  • O que é a Síndrome da Fadiga Crônica?
  • Miastenia x Síndrome da Fadiga Crônica
  • Como confirmar o diagnóstico de Miastenia ou de Síndrome da Fadiga Crônica?

O que é a Miastenia?

A miastenia é uma doença rara que, pela falha de comunicação entre o cérebro e os músculos, são afetados movimentos extremamente importantes do corpo, como andar e, até mesmo, respirar. Ela pode ser uma condição adquirida durante a vida ou herdada.

Miastenia congênita é o nome da miastenia herdada geneticamente. Ela émenos comum que a miastenia gravis, sendo o resultado de mutações nos genes que influenciam na função e estrutura neuromuscular. Os sinais são aparentes já no nascimento ou primeiro ano de vida. Os principais sinais e sintomas da miastenia congênita são:

  • Diminuição dos movimentos do feto no útero ou após o nascimento;
  • Dificuldade de sucção durante a amamentação;
  • Choro fraco;
  • Lentidão dos reflexos;
  • Dificuldade para aprender a engatinhar e se sentar;
  • Infecções respiratórias frequentes;
  • Menos expressão facial.

Miastenia gravis é o nome da miastenia adquirida durante a vida, que costuma aparecer na idade adulta. Ela é causada pela produção de anticorpos que atacam receptores presentes nos músculos, responsáveis por captar os avisos do cérebro para realizar os movimentos. Os principais sintomas da miastenia gravis são:

  • Cansaço decorrente da fadiga muscular;
  • Visão duplicada;
  • Dificuldade na mastigação e deglutição;
  • Comprometimento das expressões faciais, como sorrir;
  • Pálpebra caída (ptose).

Em geral, os sintomas da miastenia não são constantes, de forma que a pessoa pode estar muito cansada em um dia e em outro estar disposta. A fadiga tende a piorar após esforços físicos, mas é uma característica que pode ser passageira e até mesmo sumir por um determinado período.

Apesar de não ter cura, há como controlar os sintomas da miastenia com tratamentos medicamentosos, fisioterapia, cirurgia do timo e terapia ocupacional. Essas ações melhoram a qualidade de vida da pessoa, que pode até entrar em remissão da doença (passar por longos períodos sem apresentar sintomas).

O que é a Síndrome da Fadiga Crônica?

A síndrome da fadiga crônica é uma doença grave e de longa duração, que afeta muitos sistemas do organismo. Costuma atingir adultos entre 40 e 60 anos de idade, geralmente mulheres, mas ainda é subnotificada, pois muitas pessoas não foram diagnosticadas.

Essa síndrome tem como principal sintoma a fadiga extrema que leva à exaustão, o que pode impossibilitar a realização de atividades habituais, dificultando até mesmo que saiam da cama. O chamado mal-estar pós-esforço é bastante característico da síndrome da fadiga crônica, uma vez que após qualquer esforço físico ou mental a pessoa sente uma piora grave do cansaço. Os principais sinais e sintomas da síndrome da fadiga crônica são:

  • Exaustão extrema, que piora com qualquer esforço, seja mental ou físico;
  • Fraqueza muscular;
  • Falta de ar;
  • Arritmia;
  • Dificuldade de pensamento;
  • Problemas de memória;
  • Problemas digestivos;
  • Sensibilidade a alguns alimentos;
  • Sensibilidade a odores;
  • Sensibilidade a ruídos;
  • Sensibilidade à luz;
  • Linfonodos sensíveis na região das axilas e pescoço;
  • Dor de garganta frequente;
  • Dores de cabeça;
  • Dores musculares ou articulares;
  • Calafrios e suores noturnos;
  • Sono não reparador;
  • Problemas para dormir.

As manifestações podem variar de pessoa para pessoa e a gravidade delas pode variar de um dia para o outro. Mas é necessário que essa fadiga perdure por mais de seis meses para que a síndrome seja caracterizada. É importante ressaltar que a fadiga sentida pelos portadores da síndrome da fadiga crônica é diferente da sensação de cansaço:

  • Ela não é resultado de uma atividade extraordinariamente difícil;
  • Não é aliviada pelo sono ou repouso;
  • A capacidade de realizar tarefas é muito reduzida em comparação com o período de vida antes da doença.

Assim como acontece com a miastenia, ainda não se sabe a causa da síndrome da fadiga crônica. Especialistas acreditam que a doença é desencadeada por uma combinação de fatores, como genética, trauma físico ou emocional, infecções ou problemas em converter gordura e açúcar em energia para o organismo.

Miastenia x síndrome da fadiga crônica

Tanto a miastenia quanto a síndrome da fadiga crônica têm como uma das principais características a fraqueza muscular e a exaustão que impossibilita atividades cotidianas. No entanto, há aspectos que diferenciam as duas doenças, veja cinco deles:

  1. Ptose – a maioria das pessoas com miastenia apresenta ptose (pálpebra caída) ou diplopia (visão duplicada). Ambos os sintomas não são características da síndrome da fadiga crônica.
  2. Fraqueza constante e progressiva – a miastenia raramente causa fraqueza constante e progressiva, diferente da síndrome da fadiga crônica.
  3. Duração da fadiga durante os dias – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, a pessoa deve apresentar fadiga por cerca de 50% do tempo, durante seis meses antes do diagnóstico.
  4. Piora dos sintomas em pé ou sentado – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, além dos sinais e sintomas principais, também é necessário que a pessoa apresente a piora dos sintomas quando está em pé ou sentada. Esse sinal se chama intolerância ortostática e faz com que os indivíduos se sintam tontos e fracos nas posições citadas.
  5. Névoa cerebral – para ser considerado um caso de síndrome da fadiga crônica, além dos sinais e sintomas principais, também é necessário que a pessoa apresente problemas de pensamento e memória. Indivíduos com a doença relatam a sensação de névoa cerebral.

Em resumo, na síndrome da fadiga crônica é preciso apresentar a fadiga por mais de seis meses, combinada a sinais como cefaleia, insônia, dificuldade de concentração e memória, dor de garganta, dor nas articulações, dor no pescoço, cansaço excessivo pós-esforço. Já na miastenia, a fraqueza muscular é flutuante e geralmente acompanhada de problemas nos olhos.

Atenção! Caso apresente os sinais e sintomas listados, procure um médico para que ele faça o diagnóstico correto e indique o melhor tratamento para o caso.

Como confirmar o diagnóstico de miastenia ou de síndrome da fadiga crônica?

Em ambos os casos, não há um teste único para confirmar o diagnóstico. A análise clínica do médico deve levar em consideração o histórico de sintomas, mas ele pode pedir uma variedade de exames médicos para descartar outros problemas de saúde com sintomas semelhantes. Os exames recomendados podem ser:

  • Hemograma;
  • Dosagem de anticorpos contra os receptores de acetilcolina;
  • Estudo de estimulação nervosa repetitiva;
  • Teste do Tensilon;
  • Velocidade de sedimentação eritrocitária
  • Velocidade de sedimentação globular (VSG);
  • Hormônio tiróide estimulante (TSH);
  • Eletrólitos (sódio, potássio, cálcio e fosfato);
  • Avaliação da função hepática (transaminases);
  • Avaliação da função renal (creatinina);
  • Exame de urina (proteína, sangue e glicose).

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Referências


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