A Miastenia Gravis apresenta alguns sintomas que podem ser confundidos com o Parkinson. Entre eles, estão o cansaço muscular muito intenso e a dificuldade de utilizar os músculos de controle voluntários.
Além desses, visão borrada, dificuldades na fala e na escrita são alguns dos sintomas semelhantes entre as duas doenças.
O Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central (cérebro), além de ser crônica e progressiva. Já a Miastenia é uma doença neuromuscular autoimune, ou seja, do sistema nervoso periférico (junção dos nervos com os músculos).
Nem o mal de Parkinson e nem a Miastenia têm cura. Os tratamentos disponíveis estão focados nos sintomas, para que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida. Quando tratado, o miastênico pode ter uma vida normal, ou quase normal.
O tratamento do mal de Parkinson não evita e nem diminui a evolução da doença, de acordo com o médico neurologista Eduardo de Paula Estephan, do Ambulatório de Miastenia do Hospital das Clínicas (HC) e do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Santa Marcelina, ambos na capital paulista.
“Com a progressão da doença, doses maiores de medicamentos que tratam os sintomas necessitam ser utilizadas, mas por boa parte do tempo da doença o uso dos remédios garante uma vida ativa, sem sintomas residuais ou, ao menos, com sintomas mínimos”, diz ele.
Conheça a seguir as principais diferenças entre as duas doenças:
Idade de início
A doença de Parkinson surge, geralmente, em pacientes entre 55 e 60 anos, enquanto a Miastenia Gravis se manifesta, geralmente, entre os 20 e 40 anos. Entretanto, como destaca Estephan, a primeira pode se manifestar em qualquer idade adulta, enquanto a segunda, em qualquer idade, inclusive em crianças.
Neurotransmissores envolvidos
Todos os nossos movimentos acontecem a partir de uma “ordem” dada pelo cérebro para que os nervos ativem os músculos. Isso ocorre cada vez que desejamos andar, falar, comer, piscar, pegar algo etc.
No caso do mal de Parkinson, o problema está ainda no cérebro, onde a ordem é comandada, antes de serem encaminhadas aos nervos. Isso provoca rigidez, lentidão e tremores dos músculos.
Na Miastenia Gravis, o problema ocorre por um “defeito” na comunicação entre os nervos e os músculos, fazendo com que o movimento solicitado pelo cérebro não seja feito perfeitamente. O resultado é fraqueza muscular e profunda fadiga, entre outros.
Momento dos sintomas
Ao compararmos a condição de manifestação de alguns sintomas das duas doenças, são praticamente opostas. O doente de Parkinson tem tremores principalmente enquanto está em repouso, melhorando quando movimenta o músculo, no início da doença (é bom destacar que os sintomas de rigidez e lentidão não mudam com a movimentação do músculo). Já os sintomas do miastênico pioram quando o grupo muscular é muito exigido e o quadro melhora após repousar.
Outros sintomas
Além da fraqueza muscular e da fadiga exacerbada, outros sintomas da Miastenia Gravis são: ptose palpebral (pálpebra caída), visão dupla ou borrada, dificuldades para andar, mastigar, engolir, falar e até respirar (este último, no caso da crise miastênica).
Quem tem mal de Parkinson, pode desenvolver demência, depressão, ansiedade, apatia, ter alteração do sono, incontinência urinária ou dificuldade para urinar, inclinação do tronco para frente, entre outros.
Os sintomas mais comuns no Parkinson vão piorando com o tempo. No início, o paciente sente como se o tremor fosse interno, sendo imperceptível para as outras pessoas. Somente depois de um tempo da doença que passa a ser visível e, com a evolução do mal de Parkinson, quase todos os pacientes apresentam algum grau desse sintoma.
A rigidez muscular, por sua vez, começa em apenas um dos lados e evolui para um quadro generalizado. Para o paciente, é como se os músculos estivessem presos.
Já a lentidão dos movimentos, outro sintoma do Parkinson, é consequência de fraqueza e má modulação do tônus muscular. Entretanto, isso não impacta a coordenação, ou seja, os movimentos alcançam o alvo desejado.
É possível evitar as doenças?
Os motivos pelos quais uma pessoa contrai a Miastenia Gravis, que acomete independente da região geográfica, da raça e do gênero são desconhecidos.
No caso do Parkinson, já foram identificados alguns fatores de risco. Além da idade em torno dos 60 anos, os homens são os mais afetados, com maior risco se houver antecedentes familiares com a doença. Outros fatores de risco são sobre as pessoas que têm ou tiveram contato prolongado com agrotóxicos, que podem causar lesões neurológicas, e traumas no crânio, que podem causar lesões nos neurônios.
Identificar qual das doenças uma pessoa está sofrendo não é tarefa fácil para um leigo. Somente um médico é capaz de fazer um diagnóstico preciso, assim como definir o melhor tratamento, seja para um miastênico, seja para um paciente de Parkinson. E, assim, obter uma melhor qualidade de vida para o doente.