Quais as diferenças entre esclerose múltipla e miastenia gravis?

Miastenia Grave Postado em 10/03/2022

Um dos principais motivos de a esclerose múltipla e a miastenia gravis serem facilmente confundidas, é o fato de ambas as doenças possuírem sinais e sintomas gerais semelhantes. Entretanto, as doenças possuem diferenças marcantes nas suas causas, sinais e sintomas específicos e formas de tratamento. Existem alguns testes que os profissionais de saúde podem solicitar para confirmar ou descartar o diagnóstico de uma das doenças. Siga a leitura e entenda quais são as diferenças entre esclerose múltipla e miastenia gravis e como buscar o tratamento adequado.

Por que é possível confundir a esclerose múltipla e miastenia gravis?

A esclerose múltipla (EM) e a miastenia gravis são doenças neuromusculares autoimunes, ou seja: em ambas ocorre um erro no sistema imunológico, que pode fazer com que o corpo ataque certos tecidos. Esse ataque leva a sintomas que envolvem a função muscular do paciente, despertando alguns sintomas parecidos, tais como:

  • Fadiga;
  • Fraqueza muscular;
  • Dificuldade para falar e engolir;
  • Problemas nos olhos, como visão dupla.

Embora as doenças tenham algumas semelhanças na forma como se manifestam, a esclerose múltipla e a miastenia gravis se diferenciam fortemente em causas, sintomas específicos, tratamentos e mais.

Qual é a causa da esclerose múltipla e da miastenia gravis?

Como ambas as doenças são autoimunes, é possível afirmar que existe a causa comum em que o sistema imunológico do corpo ataca seus próprios tecidos.

Esclerose múltipla (EM) – o mau funcionamento do sistema imunológico destrói a substância gordurosa que reveste e protege as fibras nervosas do cérebro e da medula espinhal (mielina). Mas, ainda não está claro por que a EM se desenvolve em algumas pessoas e não em outras.

Miastenia gravis – o sistema imunológico produz anticorpos que bloqueiam ou destroem a comunicação com um neurotransmissor (substância responsável por conectar os nervos e músculos) chamado acetilcolina. Com menor capacidade de comunicação, os músculos recebem menos sinais nervosos, resultando em fraqueza.

Quais sintomas podem diferenciar a esclerose múltipla e miastenia gravis?

Em ambos os casos, a fraqueza pode afetar qualquer grupo muscular. Entretanto, há algumas diferenças marcantes.

Sintomas da miastenia gravis – em 65% das pessoas que desenvolvem a miastenia gravis, os primeiros sinais e sintomas envolvem problemas oculares ou músculos que envolvem a face e a garganta, causando alguns sintomas como:

  • Queda de uma ou ambas as pálpebras;
  • Visão dupla;
  • Dificuldade em falar e engolir;
  • Afeta a mastigação, quando os músculos se cansam no meio de uma refeição;
  • Mudança nas expressões faciais, como sorrisos.

A miastenia pode causar fraqueza nos músculos do pescoço, dificultando a sustentação da cabeça, e de braços e pernas, afetando a forma como a pessoa se movimenta.

Sintomas da esclerose múltipla – além da fraqueza muscular, os sintomas podem ter alguns efeitos cognitivos, afetando até mesmo a memória do paciente. Entre os principais sintomas da esclerose múltipla estão:

  • Dormência ou fraqueza em um ou mais membros, que normalmente ocorre em um lado do corpo de cada vez, ou nas pernas e no tronco;
  • Sensação de choque elétrico em alguns movimentos feitos com o pescoço;
  • Tremor e falta de coordenação;
  • Dificuldade de falar e engolir;
  • Perda parcial ou completa da visão

A maioria das pessoas com esclerose múltipla experimentam períodos de crise de novos sintomas, que tendem a melhorar com o tempo e tratamento correto. Enquanto a miastenia gravis tende a atingir especialmente a região facial, a esclerose múltipla pode atingir qualquer parte do corpo, dependendo de onde estão os nervos afetados.

Como fazer o diagnóstico da esclerose múltipla e miastenia gravis?

Em ambas as doenças, o profissional da saúde deverá fazer uma análise do histórico clínico do paciente, além de um exame físico, em que ele avaliará alguns aspectos como reflexos, força muscular, coordenação motora e equilíbrio. Se com esses dados não for possível ter certeza, existem alguns exames específicos que podem ajudar a identificar as doenças.

Na esclerose múltipla, alguns aspectos clínicos e exames de imagem são fundamentais para o diagnóstico específico. Para não restar dúvidas, o médico pode pedir os seguintes exames:

Ressonância magnética – exame de imagem feito do crânio e coluna em níveis cervical, torácico e lombar. Permite a visualização das lesões no cérebro e medula espinhal.

Punção lombar – procedimento feito para remover uma amostra do seu fluido ou líquido espinhal, inserindo uma agulha na região lombar. Se houver alterações neste líquido, podem existem inflamações no sistema nervoso.

Exames de imagem e de sangue – podem ajudar a excluir outras patologias com sintomas parecidos, também podem ser requeridos.

Na miastenia gravis, os principais exames são:

Exame de sangue – o teste é feito para identificar se o paciente possui, em níveis normais, o anticorpo para receptor do neurotransmissor acetilcolina. 85% das pessoas com miastenia gravis apresentam no sangue níveis altos desse anticorpo.

Eletroneuromiografia – usa eletrodos para estimular os músculos e avaliar a função deles. Contrações musculares que se tornam progressivamente mais fracas podem indicar miastenia gravis.

Exames de imagem – ressonância magnética, radiografia ou tomografia computadorizada do tórax identificam se há problemas no timo, glândula associada a miastenia gravis.

Teste farmacológico – substâncias são injetadas no paciente e caso se for observada a melhora dos sintomas – como pálpebras caídas, por exemplo – a suspeita de miastenia gravis é confirmada.

Tratamento para esclerose múltipla e miastenia gravis

Ambas as doenças não possuem cura e o objetivo dos tratamentos é reduzir os sintomas, retardar a progressão da doença e oferecer mais qualidade de vida ao paciente. Para tratar as doenças, é possível fazer uma combinação dos seguintes tratamentos:

Medicamentos – a combinação de diversos remédios pode ser feita em ambas as doenças. No caso da miastenia gravis, os medicamentos vão ajudar a melhorar a comunicação entre nervos e músculos. Na EM os remédios tendem a reduzir a inflamação dos nervos.

Cirurgia – funciona apenas para alguns pacientes de miastenia gravis com tumor na glândula timo. A cirurgia é feita para retirar esse tumor e reduzir os sintomas da doença. Não existe qualquer tipo de tratamento cirúrgico para esclerose múltipla.

Fisioterapia – ajuda o paciente de ambas as doenças a recuperar o controle dos músculos, devolvendo algumas atividades diárias que antes eram realizadas com facilidades.

A fisioterapia respiratória ajuda especialmente os pacientes de miastenia gravis, que têm suas funções respiratórias e faciais comprometidas. Para os pacientes de esclerose múltipla, a fisioterapia pode ajudar a melhorar a força, o tônus ​​​​muscular, o equilíbrio e a coordenação motora.

Ainda que ambas as doenças possam ser confundidas inicialmente, é fundamental a análise de um profissional para realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento correto para a doença. Essa combinação de fatores é determinante para o sucesso do tratamento e para a manutenção das funções motoras e cognitivas dos pacientes.

Referências

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