Miastenia Gravis e a relação com os alimentos

Alimentação Postado em 14/08/2020

Vários especialistas médicos consideram que alguns alimentos podem trazer bem-estar para pacientes de Miastenia Gravis. Apesar de não haver confirmação científica, há indícios de que sintomas da doença podem ser amenizados com determinados alimentos.

Antes de mais nada, é bom frisar que uma alimentação equilibrada é benéfica para qualquer ser humano. Em linhas gerais, devemos consumir frutas, verduras e legumes frescos ao menos cinco porções ao dia.

Dar preferência a peixes e carnes magras assim como evitar o consumo em excesso de sal, principalmente o refinado, e o açúcar também devem ser considerados.

Isso deve balizar a dieta de qualquer pessoa que deseja ter uma vida saudável, e não é diferente para miastênicos.

Miastenia e alimentos: alguns hábitos que merecem destaque

Vitamina D:

A deficiência de Vitamina D, comumente associada a problemas ósseos como Osteoporose, pode provocar fadiga, o que já é um dos principais sintomas da Miastenia Gravis

O baixo nível de Vitamina D, então, pode levar a uma fadiga ainda mais intensa. Por outro lado, a Vitamina D tem uma função reguladora do sistema imune.

Quando há níveis insuficientes dela, pode haver uma ativação menos controlada de respostas imunológicas, o que seria desfavorável em pessoas com doenças autoimunes (como é o caso da Miastenia Gravis e da Síndrome Miastênica de Lambert-Eaton).

Os alimentos ricos em Vitamina D são: salmão, sardinha, atum, produtos lácteos, gema de ovo, entre outros. Quem não consome esses alimentos pode recorrer a um suplemento alimentar.

Esse tipo de produto é indicado somente para quem tem deficiência de Vitamina D, caso contrário pode ocorrer vitaminose. Por isso, deve ser consumido com recomendação médica.

Entretanto, apenas entre 10 e 20% da Vitamina D necessária é proveniente da alimentação ou suplementação. A maior parcela ocorre com a exposição solar, que ativa uma substância presente naturalmente na pele.

Todos devem tomar sol diariamente, por 15 a 20 minutos, com grande área (como braços e pernas) exposta, sem protetor solar.

Ômega 3:

Além de estar associada ao sistema nervoso e ao controle do colesterol, o Ômega 3 pode melhorar a memória e também a disposição, com indícios de melhorar os movimentos musculares.

Ele está presente no salmão, atum, sardinha, arenque, no azeite de oliva e em sementes, como chia e linhaça. Há a opção de ser consumido em cápsulas também.

Creatina:

Mais uma substância que pode ajudar a reduzir a fraqueza da Miastenia Gravis através de alimentos, a Creatina é produzida naturalmente pelo nosso organismo.

Trata-se de um composto importante para o funcionamento dos músculos e do cérebro. Proteínas de origem animal são ricas desta substância, como carnes vermelhas, salmão, frango, entre outros.

Há suplementos de Creatina, bastante utilizados por esportistas, inclusive para aumentar o tamanho dos músculos. Entretanto, por apresentar efeitos colaterais, como náuseas, acúmulo de líquido entre as fibras musculares, entre outros, não deve ser consumido sem ouvir o seu médico antes.

Colina:

A Colina é a matéria prima para produção de acetilcolina, a qual é responsável pelas contrações musculares e funções sensoriais, entre outras.

Na Miastenia Gravis, em geral, não há falta de Acetilcolina, mas um aumento dessa substância na junção neuromuscular ajuda a compensar a falta de receptores de Acetilcolina que são destruídos por autoanticorpos (inclusive é assim que funciona um dos principais medicamentos para tratar síndromes miastênicas, a piridostigmina).

Entretanto, ainda não há confirmação científica que o maior consumo de Colina aumente a quantidade de Acetilcolina na junção neuromuscular.

A substância é ricamente encontrada em ovos (principalmente na gema), leite, fígado de boi e de galinha. Carnes vermelhas, frango, camarão, salmão, mariscos, castanhas, sementes e soja também entram para a lista.
Não há um suplemento específico de Colina.

“Apesar de não haver evidência científica, não vejo problemas em seguir tais recomendações alimentares, desde que se mantenha uma dieta equilibrada”, disse o Dr. Eduardo Estephan, médico neurologista do Grupo de Miopatias e do Ambulatório de Miastenia do Hospital das Clínicas/FMUSP, e do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Santa Marcelina, em São Paulo.

Contra os efeitos do corticoide

A maioria dos miastênicos faz uso prolongado de corticoide, medicamento que pode apresentar alguns efeitos colaterais. Cansaço, ansiedade, insônia, aumento dos níveis de açúcar no sangue são alguns exemplos.

Em alguns casos também ocorre redução das defesas imunológicas, além de inchaço causado pela retenção de líquido e sódio, e do aumento do apetite levando ao ganho de peso.

Alguns especialistas indicam uma dieta específica para quem toma corticoides, basicamente hipossódica e pobre em carboidratos. Isso significa reduzir ao máximo o consumo de massas, doces, frituras, sal e bebidas alcoólicas.

Além disso é importante o consumo de boas quantidades de Cálcio (encontrado principalmente em leite e derivados) e Vitamina D para se diminuir o risco de Osteoporose causada pelo corticoide.

Miastenia e alimentos: há restrição?

Mantendo-se uma dieta equilibrada, bons níveis de Vitamina D, e seguindo as recomendações para o uso de corticoides, não há exatamente alimentos proibidos para quem tem Miastenia Gravis, segundo o Dr. Estephan.

No entanto, o quinino presente em algumas águas tônicas (muitas hoje em dia são artificialmente saborizadas) tem efeito deletério comprovado na junção neuromuscular.

O que acontece é que a quantidade nessas bebidas é muito pequena, e a grande maioria dos pacientes miastênicos não percebem nenhum efeito ao tomar água tônica.

Porém, se for consumida em grande quantidade, principalmente por pacientes que não estão bem compensados da doença, pode haver sim uma piora dos sintomas miastênicos.

Então, tendo em mente que uma alimentação balanceada é o recomendado, uma ideia é ir fazendo testes com a inclusão de alimentos específicos por algumas semanas e avaliar se há impacto nos seus sintomas e no seu bem estar. Em caso afirmativo, passe a consumir esse alimento com maior frequência.

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